Tecnologia em saúde: como o Brasil está posicionado e o que esperar do futuro.
- Adson Figueiredo
- 28 de fev.
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de mar.
Texto de: Cristina Balerini.
O mercado de tecnologia em saúde no Brasil está em crescimento, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças nas necessidades de saúde da população e pela digitalização de serviços. De acordo com a Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS), o mercado global de tecnologia da informação em saúde deve crescer 15% ao ano até 2025.
No Brasil, a telemedicina teve um crescimento exponencial durante a pandemia de Covid-19. Em 2020, o número de atendimentos por telemedicina aumentou em mais de 1.000% em comparação com anos anteriores, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM). Além disso, o uso de prontuários eletrônicos tem crescido, com cerca de 70% dos hospitais de grande porte já utilizando essa tecnologia.
Dados da pesquisa TIC-Saúde, organizada pelo Cetic.br – Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, apontam que, em 2019, 11% dos estabelecimentos de saúde com acesso à internet possuíam conexão acima de 100 Mbps. Em 2021, esse número passou para 23%, em 2022 para 32% e em 2023 para 33%. Em 2013, 30% dos estabelecimentos mantinham informações de prontuário exclusivamente em papel. Esse número caiu para 11% em 2023. E o número de instituições que mantinham informação apenas em formato eletrônico subiu de 22% para 32%.
“A visão de 2023 é que 87% das instituições possuem os dados cadastrais informatizados e 75% possuem o histórico clínico dos pacientes também informatizado, o que são números impressionantes contando com o volume e a diversidade das instituições de saúde no país, tanto com atendimento público quanto privado”, destaca Luis Gustavo Kiatake, diretor de Relações Institucionais da SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde.
Segundo um estudo da WiseTech, as tendências tecnológicas de gestão na área da saúde para 2024 são promissoras e têm o potencial de transformar a forma como a saúde é oferecida e gerenciada. Telemedicina, uso de inteligência artificial (IA) para diagnósticos e tratamentos personalizados, realidade aumentada e virtual para treinamentos e a integração de sistemas de gestão hospitalar para melhorar a eficiência operacional e a qualidade do atendimento devem ganhar destaque neste e nos próximos anos.
“A adoção de tecnologias avançadas está transformando a maneira como os cuidados de saúde são prestados, tornando-os mais eficientes, personalizados e acessíveis. As instituições de saúde que investirem nessas inovações estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios futuros e melhorar a qualidade do atendimento aos pacientes”, analisa Fatima Pinho, sócia de Life Sciences & Health Care da Deloitte.
Maior eficiência no atendimento e redução de custos
O uso estratégico de dados e tecnologia não apenas aprimora os cuidados, mas também proporciona uma gestão mais eficiente e sustentável dos recursos de saúde.
“O crescimento no uso de tecnologias em saúde é impulsionado pela necessidade de reduzir custos, gerenciar uma população envelhecida, aproveitar avanços tecnológicos e democratizar o acesso aos cuidados de saúde. Esses fatores combinados garantem que as tecnologias continuem a evoluir e a serem adotadas de maneira mais ampla e eficaz”, diz Cláudia Araújo, professora e coordenadora do Centro de Estudos em Gestão de Serviços em Saúde do COPPEAD/UFRJ.
Segundo Fatima, estudos estimam que a digitalização pode reduzir os custos administrativos em até 10%. Sobre o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida, há uma demanda crescente por serviços de saúde, o que impulsiona a adoção de novas tecnologias para atender essa necessidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2030, a população idosa no Brasil representará cerca de 18% do total.
Outro ponto destacado que vem impulsionando o uso de tecnologias é o desafio das operadoras em gerir sinistralidade, abusos e fraudes. “O uso de analytics e modelos preditivos permite às operadoras identificar padrões de sinistralidade e agir preventivamente. As ferramentas de inteligência artificial ajudam a prever surtos de doenças e a planejar recursos de forma mais eficiente. Tecnologias de análise de dados e machine learning estão sendo usadas para detectar padrões anômalos que podem indicar fraudes ou abusos e sistemas de verificação em tempo real ajudam a identificar e mitigar fraudes antes que causem grandes prejuízos.”
Ou seja, o que impulsiona os investimentos são os problemas crônicos que o sistema de saúde enfrenta. “Não há solução para a sustentabilidade do setor que não passe pelo investimento em tecnologia. Não vamos construir o dobro do número de hospitais que temos hoje nem poderemos levar todas as pessoas que necessitam de um atendimento para dentro deles. Assim, a forma como vamos atender mais pessoas é usando a tecnologia a nosso favor – seja para acompanhamento remoto ou para melhoria da comunicação entre médico e paciente. São os recursos tecnológicos que irão criar um ambiente de produtividade que possa combater o desperdício de recursos que temos hoje.”
Fonte: Saúde Business
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